quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A última luz do dia, António Bolota





Museu da Cidade
14.11.2010 - 23.01.2011

Curadoria: Nuno Faria



Com A última luz do dia, António Bolota toma o espaço do Pavilhão Branco do Museu da Cidade para ali realizar a sua mais ampla exposição individual até à data. Para esta particular arquitectura vítrea, aberta sobre os jardins do Palácio Pimenta, o artista concebeu um conjunto de intervenções site-specific que se articulam, numa lógica de revelação e de ocultação, com a escala e a natureza simbólica do edifício e do lugar. As propostas que António Bolota vem realizando colocam-no, quer pela utilização de materiais industriais, quer pela adopção da grande dimensão, quer ainda pelo diálogo que vem mantendo com a arquitectura, numa posição de particular singularidade no panorama da arte contemporânea em Portugal.




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fernando, Francisco e João




Fernando Calhau
Com uma série singular de desenhos intitulados "Deserto".


Galeria João Esteves de Oliveira
Endereço: Rua Ivens, 38
1200-224 Lisboa
Horários: Seg: 15h - 19h30
Ter a Sáb: 11h - 19h30 no Sáb encerra entre a 13h30 - 15:00
Telefone: 213 259 940






Francisco Tropa
Título: SCRIPTA


Galeria Quadrado Azul
Datas da Exposição: 24 de Setembro a 27 de Novembro 2010
Horário: de Terça a Sábado das 13h00 às 20h00
Morada: Largo dos Stephens, 4, 1200-457 Lisboa (à Rua das Flores)
Contacto: (+351) 21 347 6280



 

João Queiroz
Silvae

Culturgest de Lisboa

de 16 de Outubro a 9 de Janeiro de 2011
Visitas guiadas dia 14 de Novembro e 12 de Dezembro, 17h
Galerias 1 e 2
2 Euros

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Convento da Verderena, 27 de Novembro às 15h

Atelier de Sombras
dos 6 aos 12 anos, dia 27 de Novembro das 15h às 18h


Espaço de experimentação plástica, onde a partir da obra de Lourdes Castro e com base no Convento da Madre de Deus da Verderena, vamos recolher o que a sombra produz num acto de apropriação, usando a linha como elemento que delimita, cria e explora espaços, desdobrando-se em recortes e manchas de cor.
A sombra é um campo de energia em perpétuo movimento e a descoberta das suas potencialidades visuais e poéticas, em comunhão com o Convento, um dos objectivos deste ateliê.


Conteúdos Programáticos

• Estabelecer relações espaciais
• Compreender o elemento linha enquanto desenho
• Noções de limites, cheios e vazios
• Composição Teatral da Sombra


Materiais necessários ao aluno:
lápis 2B, lápis de cor, lápis de cera, folhas de papel A3 para desenho (sugiro os blocos de papel Canson), lanche.
 
Inscrições: 21 214 74 02
Preço: 10€

Câmara Municipal do Barreiro
Imagem: Lourdes Castro

Mekas


Jonas Mekas, Walden, 1969 (excerpt) from RE:VOIR on Vimeo.

Atelier de Desenho, 6 de Novembro, na Galeria Municipal de Arte do Barreiro

No Sábado à tarde estivemos juntos a tentar perceber como se pode desenhar cheiros, sons, pedras e musgo através da experiência do tacto, objectos com um espaço comum, o campo.

Como se desenha um cheiro? Como cada material riscador pode ser expressivo, seja o carvão, o pastel, ou a águada de tinta da china e através deles a Mariana, o Samuel, a Joana e a Íris pintaram o cheiro do tomilho, o som da chuva, o primeiro contacto com um velo de ovelha, aprendendo que o desenho pode ser muito mais que aquilo que vemos. Conhecendo registos numa breve história que passa por grutas no Sul de França, murais em Roma, desenhos realistas, impressionistas, cubistas, contemporâneos e porque é bom que os pais também participem deixou-se no ar o conselho "Visitem a Culturgest para ver o universo desenhado de João Queiroz", espero que aceitem o conselho.







quinta-feira, 4 de novembro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DocLisboa 2010 de 14 a 24 de Outubro

Aufsätze
Peter Nestler
Alemanha,1963, 10’


A CIDADE E O CAMPO
O filme de Peter Nestler restitui-nos a graça e lucidez de um dia na vida das crianças de uma escola numa pequena aldeia, bem como a beleza da língua que falam, do seu mundo.


14 OUT. 22:45 - CULTURGEST - Pequeno Auditório


Notes on Love
JORGEN LETH  
Dinamarca, 1989, 90’


Leth fez este filme durante um período de crise na sua vida, talvez seja o seu filme mais pessoal. O tom dado pela sua voz, acompanha um plano dele a barbear-se e a palavra “Repugnância”. Os actores são usados como propriedade sua em cenas-sketch, numa série de temas simples, recuperados de “Good and Evil”. Fachadas de casas, pessoas que vivem, fumam cigarros e, provavelmente, o mais importante tema do filme, que se tocam.


24 OUT. 20:15 - Cinema CITY CLASSIC ALVALADE - Sala 3


21 OUT. 19:00 – Cinema SÃO JORGE - Sala 3


Começa hoje o festival internacional de cinema documental em Lisboa, este ano com lugar particular para o documentário Suiço, e com trabalhos referentes à dicotomia a Cidade e o Campo, conta-se também com as retrospectivas dos realizadores Joris Ivens um dos fundadores do cinema documental e voador que trabalhou a sua extensa obra ao longo dos 5 continentes, Marcel Ophüls que trabalha incessantemente às vezes ao longo de anos sobre o mesmo filme criando e deixando o espectador trabalhar sobre as próprias questões que vão surgindo dentro da obra, ganhou notoridade com Le chagrin et la Pitié e Jorgen Leth documentarista experimental que viaja do conceptual ao testemunho abraçando os dois.


No âmbito do doclisboa Malick Sidibé é o fotógrafo convidado a expor no Palácio das Galveias até ao fim de Outubro, fotógrafo maliano de 74 anos, um mito no retrato dentro do panorama da fotografia africana e que se liga ao registo documental enquanto elemento etnográfico que acompanha gerações e a evolução dos costumes.


consultar : DocLisboa 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Equação de Tiago Pereira


Tiago Pereira, Eduardo Vinhas e Colectivo Sophie Marie

Festival Escrita na Paisagem
30 de Setembro
Praça 1º de Maio, 21.30  ÉVORA

Ver também: 11 burros caem no estomago vazio

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pinochio, Jorge Molder



Nas últimas três décadas, Jorge Molder (Lisboa, 1947) tem vindo a desenvolver uma profunda e sistemática exploração da imagem fotográfica enquanto modelo e veículo para a auto-representação. Tendo o próprio corpo como matéria primordial, as suas fotografias confluem no estabelecimento de um universo ficcional, onde impera a figura do duplo, no qual o artista encarna personagens que resistem a dissolver-se numa eventual narrativa. A série que Jorge Molder apresentou no Chiado 8 é formulada sob a égide da máscara. Constituída por fotografias que se reportam à construção de uma cópia fiel do seu corpo, este trabalho é marcado pelo confronto do olhar do artista com a revelação da sua aparência na superfície da réplica.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estética com Manuel Rodrigues

Data 11 Out 2010 a 7 Fev 2011
Local Rua de Santiago, 18, Lisboa

Carga Horária 48 horas - 100 Créditos
Preço 221,50 € + 22,50€ (Insc) +2,50€ (Seg) (170,00€ - alunos do Ar.Co)
Condições de Admissão Sem requisitos. Por ordem de inscrição.
Horário 2ª feira das 18h00 às 21h00


Programa:
 "O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, 
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso; 
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, 
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada." (F.Pessoa/Álvaro de Campos)



Professores
Manuel Rodrigues

Casa dos Desenhos, Programa Formativo de Desenho


O exercício de um olhar atento e interpretativo do desenho é explorado em diálogo com as obras e os processos criativos dos artistas Paula Rego e Victor Willing.

Um ciclo intensivo de prática de desenho, elaborado em estreita colaboração com o Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual, que assume a responsabilidade pedagógica.



O programa é composto por quatro workshops temáticos e as sessões decorrem em diferentes

espaços da Casa das Histórias.


1º Programa:

Observação e imaginação / data: 25 de Setembro e 9 de Outubro 2010; Sábado das 10h às 13h

Confrontação entre o desenho que parte da observação de espaços, figuras e objectos com o desenho que surge a partir de imagens imaginárias.


2º Programa:

Quadros Vivos (Desenho de modelo) / data: 16 e 23 de Outubro 2010; Sábado das 10h às 13h

Encenação, elaboração do espaço, quadros vivos. Exercícios de desenho de modelo vivo com recurso a riscadores e colagens.

1ª sessão (no espaço do museu). O vivo e o morto, a colagem, o pegado e o despegado, o cosido e o descosido. Desenhar, tesourar, recriar, construir, recortar, tirar, pôr, atirar. Desenhar com recortes.

2ª sessão (no auditório): Desenho de modelo nu. Concentração, análise prática e composição: construir, elaborar, distinguir.

Professor: António Marques


3º Programa:

Figuras humanas, figuras não-humanas e figuras do espaço / data: 13 e 20 de Novembro; Sábado das 10h às 13h

Composição de “figuras” progressivamente mais complexas, tomando como modelos as obras expostas no espaço real do museu e os próprios participantes como componentes desse espaço. Introdução a vários tipos de materiais explorando as suas vocações e potenciais expressivos específicos.

Professor: João Miguéis


4º Programa:

Luz, densidade e transparência / data: 8 e 15 de Janeiro 2011; Sábado das 10h às 13h

A partir da observação de obras expostas e tendo o claro/escuro como mote do programa serão lançados exercícios de desenho com diferentes ritmos, escalas, registos gráficos e materiais (tintas de água, pincéis e riscadores), explorando relações entre figuras e entre figura e fundo.

Em exercícios finais, os participantes desenham composições “transformadas” a partir das obras expostas.

Professor: Paulo Brighenti


Inscrições e local de realização:

Casa das Histórias Paula Rego - Av. República, 300, 2750-475 Cascais

Contactos:

email: educa@casadashistorias

tel. +351 214 826 970/ www.casadashistoriaspaularego.com



De 25 Setembro a 15 Janeiro

4 workshops de 2 sessões (3h/sessão)

Horário: Sábados das 10h às 13h

Mín. 8 Max. 20 participantes

Preço: 55€ inscrição por workshop (6h); 200€ inscrição nos 4 workshops (24h) – inclui kit de materiais de desenho

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CASA-ABRIGO, Circolando



Tomando por pontos de partida as obras de Gaston Bachelard e Louise Bourgeois, chegamos a um conjunto de palavras-chave que nos servem de guia: casas abandonadas, suspensas no tempo, reocupadas pela natureza. Casas que se abriram ao céu, casas que ganharam raízes. Abrigos, refúgios, casulos, ventres. Mulheres-casa-mãe. Fiadeiras e tecedeiras. Aranhas, ovelhas, bichos-da-seda. Fios e novelos. Dobadoiras e teares. Cantos de trabalho. Canções de embalar. Baloiços em sonhos imensos. Sonhos de mar e sal. Sonhos com ninhos de pássaros.
Um concerto-encenado, uma projecção vídeo e várias instalações são os modos que escolhemos para abordar estas temáticas. O cruzamento de várias linguagens artísticas - teatro físico, dança, artes plásticas, música, video - está então na base deste nosso teatro de imagens próximo da poesia. Com uma componente deambulatória, "Casa-Abrigo", tece fortes relações com o espaço que a acolhe. Cada lugar há-de torná-la um acontecimento único. A recriação contínua é, pois, uma das marcas do espectáculo.

...As casas que o tempo fundiu com a natureza são o ponto de partida. Casas com árvores e com pássaros. Casas com terra, chuva e vento. Casas feitas de um tempo suspenso, fora dos dias, próximo da eternidade.
Nelas fomos encontrar um grupo de mulheres que sonha com um fio misterioso capaz de tecer um abrigo para resguardar um mundo feito de luz e de histórias brancas. Um fio capaz de tecer uma casa de paredes maleáveis que nos envolvem e nos aconchegam. Uma casa-ninho, casulo, ventre. Uma casa que nos guarda para sempre "o regaço aquático da nossa mãe".
Começamos por encontrá-las nos seus quartos de sonho. Vestem vestidos feitos com os materiais da casa, pedra, pó e cal. Mulheres eternas, estátuas que respiram. Seguimo-las de quarto em quarto, de sonho em sonho. O percurso leva-nos ao lugar dos seus segredos, dos seus rituais. Um sotão feito de fios, refúgio dos vários instrumentos dos ofícios de tecer.
Ali, despem os seus invólucros de pedra e revelam-nos intacto o seu lado de crianças. É tempo de celebração do novo fio. Fazem soar os seus engenhos tornados instrumentos de música e trazem-nos a memória de um mundo rural antigo.
Comunidade de trabalho e afecto onde o homem está ausente. O fio com inicio do mais fundo de nós será tecido em forma de casulo. A casa-abrigo que nos devolve a paz do berço. Respiramos fundo e obrigamos o mundo a relaxar. Uma golfada de ar que nos enche de branco a cabeça.


Dia 12 e 13 de Março de 2011 no S. Luiz, Lisboa

Fonte: www.circolando.com

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Pavlina e o Dr. Erlenmeyer de João Penalva


Destacando da mostra de João Penalva no Chiado 8 que terminou a 25 de Junho, o "filme" Pavlina, numa exposição coerente e de ambiente museológico denso e profundamente encenado onde um som estranho nos acompanha, numa antecipação do culminar desta exposição, repleta de relações criadas entre dois pólos: um físico, Dr. Erlenmeyer que trabalhou o conceito da base da naftalina e Pavlina uma bióloga reformada que se dedicou ao estudo das traças e que participou numa pesquisa sobre os sonhos de reformados, relatando o seu.
O sonho de Pavlina é apresentado textualmente por meio de um projector analógico, numa sala escura, cujo silêncio é quebrado apenas pelo som da passagem sequencial dos slides, e onde o tempo existente entre um slide e outro aliado à escuridão nos dão a premissa de jogarmos com as nossas memórias criando um universo individual a que a dada altura se junta mais um elemento, um filme estranho, onde nos surge uma traça em grande escala, ao mesmo tempo que um som desconcertante que se assemelha ao de "uma turbina de um avião" emerge, e que nos é familiar, pois era este o mesmo som que ouvimos ao longo do percurso até aqui chegarmos. Desconhece-se a autoria do filme mas a sobreposição do sonho de Pavlina com este perturbador filme aliado ao universo individual de cada um, construído no tempo, fizeram desta instalação o ponto alto da exposição.


imagem: www.articoweb.it

domingo, 15 de agosto de 2010

Sentir a casa, Fiama Hasse Pais Brandão


Sentir a casa, a luz mais densa. Viver agora este contorno
mais do que o de plantas espesso. Temer o espaço,
então, o rectilíneo; (a memória diz: o útero, o gineceu da flor).
É o solstício no corpo, frigidíssimo som entre folhas,
a memória: nesta hora (visual),
ó porta extinguirmo-nos, rememorar.

Fiama Hasse Pais Brandão
Obra Breve

sábado, 7 de agosto de 2010

Canino de Yorgos Lanthimos no Medeia

"Sobretudo queria mostrar como é fácil manipular a percepção que as pessoas têm das coisas e do mundo. Isso serve para uma família, para grupos sociais ou para um país."   Yorgos Lanthimos

domingo, 1 de agosto de 2010

Um Estranho Barulho de Asas, Lenda de Macau


4 de Agosto, 16h30 na livraria Histórias com Bicho.                                                                                

Gianni Rodari e a "arte" de inventar estórias

Gianni Rodari era professor do ensino primário e escritor infanto-juvenil. Como professor e escritor criou uma "gramática" denominada de Gramática da Fantasia, que nada mais é que ensinar às crianças a arte de inventar estórias, são sugeridos diversos exercícios que "espremem" a memória, que brincam com binómios fantásticos, que usam prefixos que dão vida à trivaca, por exemplo, ainda desconhecida para a zoologia ou à biscaneta que escreve a dobrar, ou ainda recordar um jogo difundido em todo o mundo que faz uso da "sintaxe ao acaso", quando por exemplo em vários papelinhos se escreve uma pergunta:

Quem foi?
Onde se encontrava?
O que fazia?
O que disse?
O que disseram as pessoas?
Como acabou?

E cada criança pega num papelinho e escreve a resposta, depois juntas lêm o resultado como se fosse um conto, por exemplo:

"Um morto
na torre de Pisa
fazia meias
disse: quando dá três vezes três?
Todos cantaram o fado
e o jogo acabou empatado."

Dependendo dos exercícios podem-se obter resultados muito estimulantes. Lembrando ainda do jogo surrealista, em que uma criança desenha uma figura e a criança seguinte pega nessa figura para desenhar outra, não com o intuito de completar o primeiro desenho mas o de mudar a direcção, virando-o do avesso. "O resultado final é muito frequentemente um desenho incompreensível, em que não se fixa nenhuma forma, mas todas se atravessam umas nas outras, numa espécie de movimento perpétuo combinatório." Podendo nascer personagens insólitas ou paisagens fantásticas.

Depois viajamos até aos contos populares enquanto matéria-prima, tocando suavemente
nos irmãos Griim, em Andersen ou Collodi, que nos levam por entre contos Alemães num uso primordial da língua, ou por entre a infância de Andersen ou mesmo a história popular toscana.
Foram considerados os libertadores da literatura infantil em relação aos deveres edificantes que lhe tinham conferido. E Rodari vai ensinar-nos como podemos usa-los para criar novas estórias, seja "errando" a conta-las seja contando-as ao contrário ou imaginando o que aconteceu depois, para além da possível "salada" de contos, daqui passamos por entre múltiplas possibilidades criativas que faz deste livro uma peça importante para professores, educadores e pais.





Gianni Rodari 1920-1980, Itália. Publicou a sua primeira obra em 1950. A Gramática da Fantasia é um clássico da literatura pedagógica.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

pensar

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.


J. Saramago, Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

domingo, 11 de julho de 2010

Elogio do Amor, Godard



Éloge de l'Amour de Godard, 2001 (95m)


Não consigo simplesmente inúmerar as inumeráveis razões porque gostei de ver e rever este filme, passam certamente por questões de consciência critica e/ou de auto-conhecimento e por sentir-me próxima à forte critica aos Estados Unidos da América que de uma forma ou de outra tento combater, não querendo cair em estereótipos mas consciente que embora existam excepções como em tudo, existe uma forte tendência inegável e de culto permanente.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fernando Calhau, desenho





Confesso que o meu contacto mais directo com a obra de Fernando Calhau deu-se por altura das Convocações I e II realizadas no CAM há poucos anos, as instalações dele diziam-me pouco, mas observava atentamente sobretudo os cadernos onde Fernando Calhau desenhava incessantemente noite após noite, páginas e páginas a negro, e comecei por aqui a querer perceber mais e conhecer mais sobre esta busca incessante, e recentemente no CAM, na exposição de escultura dos anos 60, uma série de gravuras questionam a paisagem albergando um elemento aparentemente estranho, uma linha, que oscila ao longo da série e que me levou à introdução do elemento tempo, questões que me são próximas.
Durante a Convocação I e II deram-se algumas conversas e foram as palavras de Tomás Maia que mais absorvi apontando algumas delas "..partindo sempre do branco até chegar à penúltima mancha negra, todas as noites, anos a fio com o mesmo gesto. Debateu-se sempre sobre a pobreza do gesto Hominídeo, gesto originário da arte...dia mais noite presos no mesmo espaço, mas eu posso atravessar o espaço.. nós estamos numa cápsula, a cápsula permite-nos de dia vivenciar, a experiência da noite, o medo, o medo das Florestas...gesto originário da arte é uma experiência do tempo é uma transposição da noite, gesto que inicia constantemente a sua origem... a arte é resposta do humano a uma convocação especifica... gesto = gerir a morte, gerar vida... reenvio da obra para a sua origem e faz e refaz.. trata-se de inventar um testemunho, para um instante em que já não estaremos presentes..servem para tudo e para nada.. A arte -» originário, gere a vida,  -» funerário, gere a morte.. estão nos ritos funerários pré-históricos, os primeiros vistígios artisticos.. a obra de arte seria a exteriorização da alma.. separação total de si mesmo sem morrer...o segredo do artista é viver com uma convocação inata... Nascer perpétuamente. Ser sem fim..." o texto pode ser lido correctamente escrito e estruturado na publicação que saiu mais tarde, "Fernando Calhau Convocação Leituras" da Fundação Calouste Gulbenkian.

O Desenho de Fernando Calhau é me muito especial, a extensão de si no desenho e a sua busca dentro dele, o conhecimento ou o auto-conhecimento, a forma como o desenho pode emergir de nós como presença que vem do interior, o desenho enquanto acto intimo. Alberto Carneiro num dos seus textos diz "Sempre desenhei para me (re)conhecer e deixar fluir as energias do meu ser mais profundo. Só agora o sei, após ter desenhado o meu dentro e tê-lo projectado no fora dos tempos vivenciados como desenho. ...Todos eles são trabalhos sobre ideias, sobre a procura de alguma coisa que busco em mim e para a minha obra. São, de facto, a procura do (re)conhecimento de mim mesmo e da minha obra como projecção de imagens reflectidas no papel sobre o meu ser. Por isso, estes desenhos são espelhos através dos quais me vejo no outro lado de mim. São o espírito e o cosmos do que procuro na minha obra."
Fernando Calhau fez do desenho um acto constante, que tem um corpo denso na sua obra e que nos mostra o desenho enquanto território originário e inquiridor da arte.




Consultar: Passageiro Assediado, Assírio Alvim e Fernando Calhau Desenho 1965-2002, Colecção CAM/JAP F. C. Gulbenkian (textos e coordenação Nuno Faria) 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

À luz da Sombra, Serralves

PELAS SOMBRAS

Documentário realizado por Catarina Mourão.
06 Mar - 13 Jun 2010

“Vem ver a pintura que estou a fazer. Um bocado grande, não cabe em museu nenhum. E tão pequena, tão pequenina que todos que passam por aqui nem dão por isso. Uma tela com forma esquisita. O que vale é que não é preciso esticá-la. Por si só, ela está sempre pronta a receber pinceladas, ventos, estações, chuva, sol....".
Quando eu tinha catorze anos levaram-me a ver um teatro de sombras. Chamava-se Linha do Horizonte e revelava o dia-a-dia de uma mulher, através de sombras projectadas num lençol branco. Essa experiência marcou-me profundamente. Lourdes Castro ficou conhecida como a artista que se ocupa de sombras. Passados vinte anos fui à Madeira conhecer a mulher por detrás daquela sombra. O que “ocupa” hoje Lourdes Castro?

Texto de apresentação ao documentário, Serralves
 
Este fim-de-semana apanhei o comboio bem cedo em Sta. Apolónia e lá fui eu e o Rui rumo ao Porto, ver a exposição antológica de Lourdes Castro e Manuel Zimbro que estava à nossa espera, desde Março, e no mesmo dia (29 de Maio) às 16h estava marcado o documentário Pelas Sombras, pensávamos nós, infelizmente o Serralves já não é o que era, e a falta de profissionalismo e respeito pelo espectador instalou-se, sem qualquer aviso prévio, o documentário foi suspenso e apenas nos disseram "também não tínhamos qualquer informação, lamentamos", depois disto resolvemos deambular pelo parque e quando subimos o monte falso de Francisco Tropa verificamos que estava vandalizado e abandonado, não podemos deixar Serralves sem passar pelo balcão e pedir o livro onde expressamos todo o nosso desagrado.
Quanto à exposição, para antológica deixa muito a desejar, sem falar que Manuel Zimbro foi reduzido a dois cantos, e nem sombras dos desenhos das sementes que tanto esperava encontrar.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

As Aulas do Professor António Reis, Testemunho de Joaquim Sapinho


"Como o António morreu tão depressa, o que eu sinto é que nos encontrámos mesmo por um triz. Podia não o ter encontrado... e ao sentimento de perda junta-se a alegria de, afinal, nos termos encontrado, vivos, sobre esta terra. Penso que este sentimento já é um pensamento reisiano, por causa da tensão dos contrários, por causa da intensidade irresolvida que é a própria vida.
O António foi meu professor na Escola de Cinema, que era no Conservatório, no Bairro Alto, na segunda metade da década de 80 do século XX. Mas as aulas não se passavam apenas nas salas do antigo convento (transformado em conservatório de música e de teatro por Garrett e, quando nós por lá andámos, em escola de cinema...) porque o António podia dizer: hoje vamos ao jardim (do Príncipe Real) e passávamos a tarde a estudar a árvore de borracha ao vento e à luz...a sua vida, a sua história, a sua relação com o mundo. E as aulas continuavam sempre depois das aulas, a passear, na livraria Buchholz a ver livros de pintura, na Cinemateca. As aulas não tinham fim, a vida, o pensamento, a amizade coincidiam com o cinema. Filmar era um contínuo, fazer um filme era tão decisivo como a vida, porque era a mesma coisa. Como se vê pelo Jaime, o António é um cineasta muito preocupado com a história e com a memória, com os documentos, com o que desapareceu, com o que vai desaparecer. Como se fosse um real alucinado por causa da história e da destruição e da reconstrução da história. Mas ao mesmo tempo no Jaime o real é um real totalmente ali, só existe o ali, o imanente, e só existe através das pessoas e das coisas. Portanto, pensar os filmes e fazer os filmes era uma luta com o real, não podia ser colado sobre o real para se poder filmar. Fazer um filme, encontrar um filme, era uma coisa que não se sabia o que era - antes de se fazer. Era uma aventura, não havia nenhum mapa que nos pudesse guiar. Tinham que ser ideias que para serem filmadas quase nem podiam ser nossas quanto mais de outras pessoas ou de livros ou assim... Era um risco, mas tinha uma regra.
O António gostava do Rilke, e eu acho que ele também acreditava que toda a beleza é terrivel. E era muito comovente estar com ele e trabalhar com ele por causa disso, porque não era a beleza pela beleza, mas não podia haver nada sem a beleza.
Vê-se por este texto que eu continuo a falar muito com António. Mas a comunidade dos vivos e dos mortos está no coraçao do pensamento reisiano..."

Testemunho recolhido e editado por Sónia Ferreira, Catalogo Panorama 4ª Mostra do Documentário Português 2010

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

O livro negro das cores

Menena Cottin e Rosana Faria



Hoje estava a tirar o pó da estante quando olhei para este livro e pensei que deveria falar dele.
Comprei-o em Março, foi premiado com o mais prestigiado prémio de literatura infantil "Os Novos Horizontes - Bologna Ragazzi" pela extrema sensibilidade que transporta. As ilustrações são negras com relevo e a história fala sobre um menino chamado Tomás, que vê o mundo de outra forma, diferente para muitos e "igual" para outras crianças como ele. Tomás descreve cada côr como ele a "vê", descreve para o menino que vê e para o menino que não vê.
Publicado em Portugal pela editora Bruaá é um livro para usar todos os sentidos e que nos confronta com outra forma de leitura.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sem rede escrevo, Sexta-feira, 2 de Abril de 2010 às 1:37

Encontrei o texto que se segue entre as notas do facebook da Andrea Brandão e não consegui "deixa-lo para trás" sem catrapisca-lo para aqui...


Sem rede escrevo

"A arte de fazer zaping ou zaping como arte, venha o diabo e escolha. A melhor abertura de texto para descrever uma visita às peças expostas no Centro Cultural de Belém da autoria de J.Vasconcelos. Mas estará de acordo com os tempos que correm. Assim como estará o o texto que se escreve. "sem rede", assim se intitula. Expressão usada aqui com duplo sentido, mas que não chega além do duplo e aquém do sentido fica. O que se quer são multiplos. Demasiadas piscadelas de olhos,demasiado folclore popular, demasiada portugalidade, tudo em bom e em esteriótipo (demasiado matrafão). Primeira observação: Qualidade digital em ecrã LCD 100 polegadas. Os miudos adoram porque se pode tocar, dizem-me. Mas só em algumas peças porque noutras POR FAVOR NÃO TOQUE; Please don't touch, Veulillez ne pas toucher (De nada). O efeito deslumbrante-uau dura-me apenas um segundo em todas as peças. Mais do mesmo (e os visitantes que são muitos) e começo a sentir náuseas. O efeito retrospectivo não me caiu muito bem. Criatividade para dar e vender e habilidade com os materiais e às tantas, vejo tipo um concurso Tv "Bricolage, concurso de ideias, para transformar (diferente de usar) objectos utilitários em arte". Sim, arte. Pois tudo o que não se sabe o que é, é arte. o resto é design (as formas contidas pela rede de croché tinham grandes hipoteses - Puffbags). Imposto agora este tom meio sério, meio a brincar com meio sentido escrevo: Por isso ainda continuo a gostar da "noiva" feita com tampões OB (sem aplicador, ainda por usar, mas já sem o plástico higiênico protector) da marca americana Johnson & Johnson, em forma de candelabro. (Talk about double meaning!) Lisboa (Abr10)"

quinta-feira, 6 de maio de 2010

2 exposições...

Exposição "Gigante" de Francisco Tropa
(ex-aluno e ex-responsável do departamento de Escultura do Ar.Co)
na Galeria Quadrado Azul - Lisboa

Largo dos Stephens, 4, 1200-457 Lisboa
Dias 5,6,7 e 8 de Maio das 21h30 às 24h
http://www.quadradoazul.pt/
 
 
Inaugura Sexta-feira, 7 de Maio, a partir das 19h, a exposição "Correspondência #2" de Ana Hatherly (ex-professora no Ar.Co) e António Poppe (professor e ex-aluno do Ar.Co) na Arte Contempo

Rua dos Navegantes, 46 A, 1200-732 Lisboa
Patente até 27 de Junho
Horário: 5ª a Sábado das 14h30 às 19h30
http://www.artecontempo.org/

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Aos amigos, Herberto Helder

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
— Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Khora, Alberto Carneiro e Rui Chafes


«Este livro recupera a estrutura interior do Caderno Preto (1968-71) de Alberto Carneiro e procura reproduzir uma aproximação a um lugar a que chamaremos Khora (termo platónico) simbolizado neste objecto pela folha branca.


Esta “descida” ao mais singelo, ao lugar «anterior», talvez nos faça reconsiderar que a elevação a que comummente se chama transcendência não esteja acima ou fora de nós, mas penetrante, entre a inteireza dos sentidos e uma consciência mais funda do que a inteligência pode controlar.

Numa altura em que o mito ainda não estava definitivamente separado da ciência e da filosofia, Platão apresenta o universo como génese dos princípios metafísicos, distinguindo as oposições binárias que marcaram o pensamento ocidental.

As distinções entre ser e devir, inteligível e sensível, ideal e material, eram pensadas como mundo perfeito da razão e mundo material imperfeito. Platão problematiza essa oposição, introduzindo uma categoria intermediária — Khora — como possibilidade de mediação ou transição entre a polaridade.

Khora. Foi a procura deste lugar-comum que fez convergir na exposição a obra de dois escultores, que, embora recorrendo ambos ao vocabulário da tridimensionalidade, o fazem com linguagens, meios e percursos absolutamente distintos. Por isso, as relações entre as obras dos dois autores (desenho, escultura, escrita) não serão encontradas formalmente. O ponto de contacto entre o desenho de ambos pode ser estabelecido pontualmente, mas só resistirá se seguirmos o movimento divergente — desprendimento e ancoragem ao corpo — que nele é percorrido para cercar o espaço Khora.

Se atendermos aos desenhos de 1966 de Alberto Carneiro [Raízes, caules, folhas, flores e frutos], percebemos como as primeiras alusões ao corpo dão lugar a rastos da sua passagem e, posteriormente, ao desaparecimento desses rastos. No desenho de Alberto Carneiro pode falar-se em ausência do corpo (disembodiment), não porque este tenha deixado de estar presente, mas porque agora é indistinto do cosmos, fundiu-se nele. O movimento percorrido no desenho de Rui Chafes é o da corporalização (embodiment). As alusões aos órgãos ou, periodicamente, à figura humana completa não cessam de circular.

Sigamos o telescópio de Alberto Carneiro e a câmara endoscópica de Rui Chafes. Na intercepção das duas lentes talvez possamos atravessar Khora.»

Sara Antónia Matos


[texto e curadoria da exposição, patente na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, entre 10 de Março e 21 de Maio de 2010]

quinta-feira, 8 de abril de 2010

António Reis e Margarida Cordeiro, de 9 a 18 de Abril na Panorama



É xisto de casas que apanho do chão. É uma tábua que prego e uma candeia que acendo. É uma talha que
lavo, uma azeitona que corto.


Um vento que estendo.

É um baldio que escavo. Uma gadanha que afio. Uma encosta que subo e um tempero que lembro.


É uma trança que solto.
Um escano que fecho,
que não vendo,

e uma roca que fio...




ANTÓNIO REIS
Trás-os-Montes – Junho de 1969


«"Era amor." Não há outra forma de falar do trabalho de António Reis e Margarida Cordeiro. Juntos fizeram uma obra mítica do cinema português, filmada sobretudo em Trás-os-Montes. Agora, 18 anos depois da morte dele, ela vive numa aldeia retirada do mundo. Ou não?...

...Trás-os-Montes, o primeiro filme que assinou com António Reis, tornou-se uma referência para toda uma geração, e 33 anos depois da estreia continua a ser a súmula de algo português. "Para um povo e para um país à procura de si próprios", escreveu João Bénard da Costa, "é uma das poucas pedras do caminho que nos pode ajudar a reencontrar a direcção".

...a 4ª mostra do documentário português Panorama (Cinema São Jorge, Lisboa, 9 a 18 de Abril) vai destacar a obra de António Reis e Margarida Cordeiro e serão exibidos os quatro filmes: Jaime (ainda só assinado por Reis), Trás-os-Montes, Ana e Rosa de Areia.

O Projecto seguinte seria a adaptação da obra-prima do mexicano Juan Rulfo, Pedro Páramo (edição portuguesa na Cavalo de Ferro), mas Reis morreu em 1991. Margarida quis continuar a ideia, chegou a ir ao México fazer pesquisa, mas recebeu recusas sucessivas de subsídio até o filme ser aprovado. Nunca chegou a ser feito.»



ConsultarPanorama
entrevista ao Público de Margarida Cordeiro, Novembro 2009
blogue com a obra de António Reis e Margarida Cordeiro

quarta-feira, 31 de março de 2010

A Chuva não cai da Lua

Andrea Inocêncio

A Chuva não cai da Lua é uma instalação que fala de desequilíbrios, que denuncia uma situação de violência.
Apesar do avanço tecnológico, que se verifica nas últimas décadas, que possibilita levar o homem até à lua desde 1969, aqui na terra, não se tem levado um bem essencial, como a água, a todos que dela necessitam. Embora exista água suficiente para todos, no mundo, 1,1milhão de pessoas não contam com este recurso, mulheres e meninas que vivem em zonas rurais do mundo em desenvolvimento, são em muitas sociedades as responsáveis pela existência de água potável no lar, caminhando mais de 5 horas por dia e carregando vários litros de água. Esta situação, para além de levar as meninas a um elevado índice de absentismo escolar e escassa participação das mulheres na vida social, também as expõe a diversas situações de violência: aborto, violação, discriminação e agressão.
Uma realidade que se pode chamar vergonhosa, num mundo que se diz «globalizado».

terça-feira, 23 de março de 2010

Jane & Louise Wilson no CAMJAP

"TEMPO SUSPENSO"

Duas gémeas britânicas, que embora tenham feito a sua formação em espaços diferentes, trabalhavam as mesmas questões, assumindo durante o mestrado no Goldsmiths College o trabalho que desenvolvem a quatro mãos.

Uma exposição com obras inéditas e cinco esculturas executadas com base no lugar expositivo uma delas partindo de Rodchenko. Nos vídeos, a projecção de imagens reconstrói o espaço que ocupa, numa articulação intensa com este, acabando por atingir um estatuto de escultura, na medida que o espaço não se limita a ser um mero receptáculo para projecção mas é profundamente alterado e parte integrante e estrutural. Trabalhando numa espécie de arqueologia de lugares e vivencias aliada ao tempo psicológico que por sua vez nos transporta para um tempo suspenso entre duas épocas, 2ª Guerra Mundial e Actualidade e artisticamente de Rodchenko a Kubrik.



O trabalho está patente no Centro de Arte Moderna na Gulbenkian até 18 de Abril.


Installation view, Haunch of Venison, Zurich 2006


     
Oddments Room, 2008

 Fontes: artnews.org e L+arte

quinta-feira, 11 de março de 2010

11 burros caem no estômago vazio

"No planalto mirandês, os seus habitantes e os burros partilham uma vida de isolamento e trabalho. Muitas vezes, os burros são o único elemento com que se estabelece um diálogo e é assim desde há muito tempo. Todas as histórias e cantigas resultantes deste universo já por si mágico e miscigenador de tradições, funcionam como um escape e como uma forma de pensar única, reveladora da realidade humana deste povo.

Filmada, esta vida resulta por meio deste filme numa proposta etnomusical de contornos antropológicos únicos em Portugal, que já não se relaciona estritamente com as noções de folclore, mas antes procura na natureza humana – onde quer que ela se encontre –, estados de alma, vidas, como se estas pessoas, ao longo dos tempos, tivessem compreendido que rir de si próprias é o melhor remédio.

Trata-se de revelar a relação destas pessoas com o ambiente em que vivem e trabalham e a forma como elas pensam sobre si próprias e como se riem do mundo. Procurando entender e mostrar o seu quotidiano, esta é uma história sobre as pessoas, os burros e todas as narrativas musicais e sonoras que daí derivam como se de uma operetta se tratasse. Um teatro de relva onde o encenador, as personagens e o público são todos o mesmo."

Duração: 29 m
Prémios: Doclisboa 2006 Prémio Tobis de melhor curta metragem portuguesa
Realização: Tiago Pereira

 
e aqui na integra...



Texto: http://www.noticiasdonordeste.com/feixesdeluz/filme6.html

terça-feira, 9 de março de 2010

Khôra, Alberto Carneiro e Rui Chafes



















Inaugura esta terça-feira, dia 9 de Março na Fundação Carmona e Costa a exposição Khôra, será o lugar-comum dos escultores Alberto Carneiro e Rui Chafes com desenho e escultura.
A inauguração decorre pelas 18h30 com lançamento do catálogo em co-edição com a Assírio Alvim.


Exposição patente até 21 de Maio de 2010
Horários: Qua a Sex: 13h-20h
Edifício Soeiro Pereira Gomes
(antigo Edifício da Bolsa Nova de Lisboa)
Rua Soeiro Pereira Gomes, Lte 1- 6.º A/C/D
Bairro do Rego
Bairro Santos
Metro: Jardim Zoológico, Praça de Espanha, Cidade Universitária

segunda-feira, 8 de março de 2010

Gordon Matta-Clark




Estava numa aula de Arquitectura quando o Professor e Arquitecto João Ramos Marques, resolveu falar introdutoriamente de Gordon Matta-Clark, depois dessa aula resolvi pesquisar mais e alguns meses depois encontrei dois livros um deles é para mim muito mais interessante não só como livro que acompanha a obra de um autor mas como objecto, Gordon Matta-Clark, IVAM Centre Julio Gonzalez, editado como catalogo para a exposição do artista aí realizada em 1993.

Gordon Matta-Clark estudou e formou-se em arquitectura, no entanto foi o precursor de um movimento que intitulou de Anarchitecture (Não-Arquitectura), Gordon defendia que “quando os arquitectos pretendem produzir arquitectura espacial, continuam no solo, e aí está o erro profundo, porque eles apenas produzem elementos no espaço, mas jamais criam estrutura espacial.” Confesso que não poderia estar mais de acordo.


Gordon começa então por entrar em espaços abandonados: casas, edifícios, armazéns, espaços não desenvolvidos onde irá criar uma mutação espacial nesses lugares, redesenhando as percepções espaciais e desenvolvendo o potencial microcósmico em que a relação com o todo era o acto predominante, e desta forma o gesto de Gordon transgride o corpo arquitectónico e a sua ordem, já que a produção arquitectónica era sinónimo de “prisão”, uma vez que a arquitectura não era apenas imagem da ordem social mas o que preserva e impõe essa ordem.

Gordon altera os espaços até às suas raízes, implicando um reconhecimento total do edifício, trabalhando num acto escultórico os lugares e a dimensão escultural da luz, serve-se de vários registos, recortes de edifícios, fotografias, filmes, instalações ou a transladação de resíduos resultantes desses mesmos recortes para as galerias.



Imagem I e II, Conical Intersect, 1975, Paris



Imagem III e IV, Day's End, 1975 

Imagem V e VI, Splitting, 1974


Imagem VII e VIII, Office Baroque, 1977



Fontes: Gordon Matta-Clark, IVAM Centre Julio Gonzalez
Gordon Matta-Clark, Phaidon
              O Filme arquitectónico de Matta Clark de Corinne Diserens







sexta-feira, 5 de março de 2010

Engenheiro do Tempo Perdido

Publicado pela Assírio & Alvim, o livro contém entrevistas com Pierre Cabanne a Marcel Duchamp, dois anos antes da sua morte. É para mim um livro obrigatório, não existe outra palavra. Para quem quer perceber quem era Marcel Duchamp e porque é tão importante no percurso da História da Arte, que revolução causou ele na consciência humana? Porque inverteu ele um urinol? O que significa isto de escapar da "arte retiniana"? Conhecer a travessia do Grand Verre e perceber como o novo caminho que Duchamp traça permite a existência de artistas como Jonh Cage ou Hélio Oiticica.
Marcel Duchamp levou a História da Arte e o seu público a reflectir sobre a obra de arte, sobre a linguagem artística, colocando-nos a pensar.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

quer

E por falar em ser criança...

..existe uma loja na Quinta das Conchas onde encontramos coisas que até o mais "sério" crescido tem vontade de brincar.. é a quer...



e os xilofones que lá vendem, são de uma sensibilidade que aposto que se tivesse tido um daqueles os meus país não teriam sofrido tanto com as minhas batucadas... afinal de contas só assim é que aquilo fazia "som"...

Ilustrarte '09, Museu da Electricidade



A Ilustrarte é um evento bienal que ocorre desde 2003, tem como objectivo divulgar o que de bom se pode fazer na ilustração infantil e a vencedora da quarta edição é a belga Isabelle Vandenabeele, de entre cerca 1300 participantes de 59 países, Isabelle concorreu com três xilogravuras que estão presentes no Museu da Electricidade entre dezenas de ilustrações patentes até 4 de Abril.


A literatura infantil com o devido apoio, pode mesmo ser o início do despertar da criança, não só pelo que se escreve, mas também como se ilustra e se articula uma coisa e outra.
Gosto muito de ver a simplicidade e inteligência de Christian Voltz a trabalhar para os mais pequenos.


Acredito que a criança pode receber a semente  através do contacto com o desenho, a ilustração, a literatura... e até mesmo dar-lhe a entender de forma simples como pode surgir a motivação para a obra de uma vida, no fundo "fazer de conta" que o artista é alguem que nunca deixou de construir universos e formas diferentes de ver a partir da realidade, à semelhança do que a criança faz no seu quarto, quando o transforma numa selva horripilante, ou num acampamento arqueológico em que o amontoado de sapatos fazem de fogueira, ou mesmo quando transformam a cama num barco que atravessa um mar tenebroso, é claro que ela não é criadora... porque falta-lhe o conhecimento e a consciência crítica, mas pode testar experiências, ser criativa e mais tarde terá provavelmente mais sensibilidade e possibilidade de se não fazer, sentir aquilo que os artistas fazem. No fundo trata-se de construir uma infância rica: com tardes a brincarem de ilustradoras das estórias que mais gostam, a construírem monstros enigmáticos e articulados em pedaços de papel, com contacto com a terra, com possibilidade de se sujarem, de começarem a tentar resolver simples problemas e quem sabe estes adultos amanhã, não serão muito menos ignorantes ou insensíveis perante as obras de artistas como, Helena Almeida, por exemplo. Lembro-me da tarde em que visitava o BesPhoto e estava um grupo de jovens com 17 ou 18 anos a olhar para um vídeo de Helena Almeida e a comentar, «Foi esta maluca que se arrasta no chão que ganhou?!» e isto acontece porque não tiveram quem os sensibilizasse quem os ajudasse a entender ou desse a conhecer. Por isso acredito que podemos tornar as crianças e jovens mais ricos pensando nos adultos que vão ser.