quarta-feira, 28 de março de 2012

Tríptico de David Maranha e Manuel Mota



APPLETON SQUARE
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terça-feira, 27 de março de 2012

Como se desenha uma casa


Primeiro abre-se a porta
por dentro sobre a tela imatura onde previamente
se escreveram palavras antigas: o cão, o jardim impresente,
a mãe para sempre morta.

Anoiteceu, apagamos a luz e, depois,
como uma foto que se guarda na carteira,
iluminam-se no quintal as flores da macieira
e, no papel de parede, agitam-se as recordações.

Protege-te delas, das recordações,
dos seus ócios, das suas conspirações;
usa cores morosas, tons mais-que-perfeitos;
o rosa para as lágrimas, o azul para os sonhos desfeitos.

Uma casa é as ruínas de uma casa,
uma coisa ameaçadora à espera de uma palavra;
desenha-a como quem embala um remorso,
com algum grau de abstracção e sem um plano rigoroso.


de Manuel António Pina
fotografia de Duarte Belo

domingo, 25 de março de 2012

Centro de Arte inaugurou ontem em Alvalade com uma exposição dedicada a Francisco Tropa



Por Nuno Crespo in Público, 24 de Março de 2012

São cerca de 500 obras de artistas portugueses e estrangeiros compradas pelos irmãos Miguel e Manuel Rios. O centro abre hoje em Alvalade com uma exposição dedicada a Francisco Tropa


Abrir colecções privadas ao público é um gesto raro em Portugal, onde, normalmente, os coleccionadores privados preferem manter o anonimato e o conhecimento das suas aquisições circunscrito a um núcleo restrito de pessoas. Miguel Rios (n. 1965) e o irmão, Manuel Rios (n. 1963), tomaram outra opção: inauguram e abrem hoje ao público, em Lisboa, um centro de arte contemporânea com uma colecção de cerca de 500 obras, maioritariamente de artistas portugueses de diferentes gerações.
Num antigo armazém industrial, típico da zona de Alvalade, criaram uma sala de exposições com zonas de depósito e acervo. Em vez de exposições colectivas, como é mais comum em espaços com estas características, a programação pensada até 2013 prevê exposições dedicadas a sucessivos núcleos de obras de um único artista da Colecção Leal Rios, que começaram a construir há 12 anos.
Não é a primeira colecção privada portuguesa em que a arte nacional é central - a primeira foi a de António Cachola, que se divide entre o Museu de Elvas e o Museu do Chiado. Mas há muito poucos outros exemplos de colecções para as quais foram criadas espaços de exposição permanente e são, em geral, mais institucionais: a Fundação Ellipse, em Cascais, cuja colecção foi iniciada como centro de investimento em arte; o Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés, criado pela Câmara de Oeiras para acolher a colecção do galerista Manuel de Brito...
Miguel e Manuel Rios não seguem uma orientação académica ou histórica nas suas aquisições, que, como diz Miguel Rios, decorrem dos interesses e entusiasmo de ambos. Manuel Rios, economista a residir em Angola, foi convencido a tornar-se coleccionador pelo seu irmão Miguel, designer. Uma colecção comum não significa, porém, as mesmas preferências: "A mim", diz Miguel Rios, "interessa-me mais o aspecto experimental, a linha mais dura. O meu irmão, talvez por ser mais cauteloso, prefere coisas mais ortodoxas." Diferenças que não invalidam o diálogo e a satisfação mútua.
As compras - cujos valores não revelam - não começaram por ser feitas a pensar na colecção, mas por entusiasmo: "Em 2000, comprei um desenho do Álvaro Lapa de 1969 e pude dar expressão a um gosto que sempre tive. Depois comecei a querer comprar mais e a coisa foi crescendo. Não iniciei uma colecção, mas comecei um percurso baseado no interesse pela arte contemporânea. E a colecção foi nascendo." No início, a colecção deu expressão à vontade de Miguel Rios de "saber por que razão aqueles artistas tinham feito aqueles trabalhos e que influências tinham tido, por que razão utilizavam aqueles materiais específicos, etc."
A partir de 2005 perceberam que as escolhas teriam de ser mais reflectidas e decidiram-se por uma colecção de arte portuguesa contemporânea contextualizada e em confronto com alguns artistas internacionais. "Para comprar arte não se pode só seguir o impulso, é preciso cruzar obras e a contextualizá-las."
Foi a partir desta maior racionalidade e maturidade que surgiram artistas estrangeiros tão reconhecidos como Matt Mullican (n. EUA, 1951), John Baldessari (n. EUA, 1931) ou Lawrence Weiner (n. EUA 1942), mas mantendo sempre a relação de proximidade e de contexto com a arte portuguesa.
A colecção tem diversos princípios, temas e orientações; inclui muito desenho, vídeo, escultura e instalação. "Há várias linhas condutoras: artistas portugueses, depois artistas internacionais que pudessem contextualizar a arte portuguesa, depois foram as próprias obras que ditaram as que se seguiram." José Pedro Croft (n. Porto, 1957), Pedro Cabrita Reis (n. Lisboa, 1956) e Rui Sanches (n. Lisboa, 1954) têm um significado especial para o coleccionador: "Eu era fascinado por estes escultores." E pode dizer-se que este é o núcleo seminal. A par deles surgem artistas como Vasco Araújo (n. Lisboa, 1975), Adelina Lopes (n. Braga, 1970), Rui Toscano (n. Lisboa, 1970), Julião Sarmento (n. Lisboa, 1948) ou João Penalva (n. Lisboa, 1949).
Cada um deles está representado não com obras isoladas, mas com um núcleo coerente de trabalhos: "Não me interessa ir buscar obras isoladas, mas procurar daquele artista todas as coisas que conseguir", diz Miguel Rios. A ideia é construir uma visão em profundidade dos autores.
A escolha, para a inauguração do novo espaço, foi Stela, de Francisco Tropa (n. Lisboa, 1968), com peças desde 1990, ano de estreia de Tropa no circuito expositivo, até obras apresentadas na última Bienal de Veneza de 2011. Escolher um português para marcar o início do percurso da fundação expressa o lugar central que a arte portuguesa contemporânea terá no centro, mas também sublinha a importância da presença da arte portuguesa no exterior. Expõem este artista "num momento em que se quer acabar com a Representação Oficial Portuguesa na Bienal de Artes de Veneza": "Com isto queremos recordar a importância dessa participação na bienal de arte mais importante do mundo."
Quem hoje visitar a Fundação Leal Rios vai poder - só desta vez - visitar os gabinetes, escritórios e armazéns. Depois, as visitas só vão poder fazer-se, às quintas e sextas-feiras, por marcação no site. A programação feita até 2013 será divulgada apenas hoje, durante a inauguração, mas a ambição é manter a fundação aberta e a crescer.
Este "é um ponto zero. Estou a repensar o que pode ser esta colecção [de futuro], mas quero sempre que a arte portuguesa seja o grande contexto".

sábado, 24 de março de 2012

É NA TERRA NÃO É NA LUA

O documentário de Gonçalo Tocha, "É na Terra não é na Lua", vai ser exibido no Cine-Teatro Avenida em Castelo Branco, no dia 5 de Junho. Lisboa e Porto vão poder vê-lo a partir do dia 29 de Março:


"Um operador de câmara e um técnico de som chegam ao Corvo em 2007, a ilha mais pequena do arquipélago dos Açores. O Corvo é um grande rochedo de 6 quilómetros de comprimento por 4 de largura em pleno oceano Atlântico, com uma cratera de vulcão, e uma única vila habitada por 440 pessoas. Pouco a pouco, a pequena equipa de filmagens vai sendo aceite pela população da ilha, mais duas pessoas a juntar-se a uma civilização com quase 500 anos, cuja história é difícil reconstruir, tal é a falta de registos e memórias escritas. Filmado a um ritmo vertiginoso durante alguns anos, auto-produzido entre chegadas, partidas e regressos, «É na terra não é na Lua» é como um diário de bordo de um navio e transforma-se numa manta de retalhos de descobertas e experiências, acompanhando a vida quotidiana de uma civilização isolada no meio do oceano. "


domingo, 11 de março de 2012

Sharon Lockhart

INSCRIÇÃO PARA A CABANA DO EREMITA DE TSUEI


    O caminho dos simples coberto de musgo vermelho
    A janela na montanha abrindo para o azul
    Invejo-te o vinho que bebes entre as flores
    e todas essas borboletas que voam nos teus sonhos.

     O Vinho e as Rosas
     antologia de poemas sobre a embriaguez

    
      fotografia de Duarte Belo

terça-feira, 6 de março de 2012

A não perder!!!! Serralves!

 


LOCUS SOLUS. IMPRESSÕES DE RAYMOND ROUSSEL

24 Mar - 01 Jul 2012 - MUSEU
O Museu de Serralves, em parceria com o Museu Reina Sofia (Madrid), apresenta a primeira grande exposição sobre a figura do poeta, dramaturgo e romancista francês Raymond Roussel (Paris, 1877 – Palermo, 1933). A mostra, intitulada Locus Solus. Impressões de Raymond Roussel, sublinha a enorme influência que Roussel exerceu em criadores contemporâneos, oriundos tanto do campo da literatura quanto das artes visuais.
A exposição é composta de aproximadamente trezentas peças, entre pinturas, fotografias, esculturas, ready mades, instalações e vídeos, para além de livros, documentos, revistas e manuscritos originais – suportes através dos quais se reflectirá sobre a influência de Roussel em alguns movimentos de vanguarda, especialmente no surrealimo. Alguns dos reconhecidos artistas com obras na exposição são, entre outros, Marcel Duchamp, Francis Picabia, Max Ernst, Salvador Dalí, Jean Tinguely, Joseph Cornell, Rodney Graham, Marcel Broodthaers, Man Ray, Roberto Matta, Guy de Cointet, Ree Morton, Terry Fox, Cristina Iglesias e Francisco Tropa.


Comissários: Manuel Borja-Villel, João Fernandes e François Piron com a colaboração de Guy Schraenen
Co-Produção: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía e Museu de Arte Contemporânea de Serralves

sexta-feira, 2 de março de 2012

CASA DOS DESENHOS IV


Programa formativo da Casa das Histórias em colaboração com o Ar.Co
Sábados das 10h30 às 13h30 | Mín. 8, Máx. 16 | Marcação prévia

O corpo e a alma
Ângelo Encarnação

Um olhar sobre o corpo e as emoções que o motivam. Tendo como mote a leitura de textos e poemas de diversos autores, desenvolve-se o desenho de modelo vivo, numa sequência de poses e movimentos expressivos. Serão também abordados o retrato e o auto-retrato, as expressões do rosto, a caricatura e a representação dos estados de alma.

Datas: 10 e 17 Março (inclui 1 sessão de modelo vivo)
Preço: 55€ (6h) - inclui materiais


Desenhar o palco
João Miguéis

Tomando o espaço de exposição como um grande cenário, registar num conjunto de exercícios de observação, aspetos gerais e particularidades ai encontrados, elaborando um inventário coletivo de formas, cores, volumes, fundos e figuras que se ligam numa ordem que pode a todo o momento refazer-se ou alterar-se. Trocar a ordem, reunir e separar, mudar os nomes e os lugares, reorganizar através do desenho, utilizando diferentes técnicas, escalas e tempos, reinventado a (in)exatidão do espaço.




quinta-feira, 1 de março de 2012

O que é um lugar? O que é uma casa?

Para a Inês o sótão da casa é um lugar onde se guardam as prendas, para o Gustavo onde existem ratos mas iluminados por uma lâmpada no tecto senão, não vêem. Para o Pedro a casa é uma espécie de máquina infernal que nunca pára e parece um labirinto vivo, alias, quase que a casa me saltou das mãos de tanta energia que continha no traço.


Pedro, 6 anos