segunda-feira, 8 de março de 2010

Gordon Matta-Clark




Estava numa aula de Arquitectura quando o Professor e Arquitecto João Ramos Marques, resolveu falar introdutoriamente de Gordon Matta-Clark, depois dessa aula resolvi pesquisar mais e alguns meses depois encontrei dois livros um deles é para mim muito mais interessante não só como livro que acompanha a obra de um autor mas como objecto, Gordon Matta-Clark, IVAM Centre Julio Gonzalez, editado como catalogo para a exposição do artista aí realizada em 1993.

Gordon Matta-Clark estudou e formou-se em arquitectura, no entanto foi o precursor de um movimento que intitulou de Anarchitecture (Não-Arquitectura), Gordon defendia que “quando os arquitectos pretendem produzir arquitectura espacial, continuam no solo, e aí está o erro profundo, porque eles apenas produzem elementos no espaço, mas jamais criam estrutura espacial.” Confesso que não poderia estar mais de acordo.


Gordon começa então por entrar em espaços abandonados: casas, edifícios, armazéns, espaços não desenvolvidos onde irá criar uma mutação espacial nesses lugares, redesenhando as percepções espaciais e desenvolvendo o potencial microcósmico em que a relação com o todo era o acto predominante, e desta forma o gesto de Gordon transgride o corpo arquitectónico e a sua ordem, já que a produção arquitectónica era sinónimo de “prisão”, uma vez que a arquitectura não era apenas imagem da ordem social mas o que preserva e impõe essa ordem.

Gordon altera os espaços até às suas raízes, implicando um reconhecimento total do edifício, trabalhando num acto escultórico os lugares e a dimensão escultural da luz, serve-se de vários registos, recortes de edifícios, fotografias, filmes, instalações ou a transladação de resíduos resultantes desses mesmos recortes para as galerias.



Imagem I e II, Conical Intersect, 1975, Paris



Imagem III e IV, Day's End, 1975 

Imagem V e VI, Splitting, 1974


Imagem VII e VIII, Office Baroque, 1977



Fontes: Gordon Matta-Clark, IVAM Centre Julio Gonzalez
Gordon Matta-Clark, Phaidon
              O Filme arquitectónico de Matta Clark de Corinne Diserens







2 comentários:

  1. Resumindo, o sr. Gordon Matta-Clark vai a casas e espaços abandonados e corta umas coisitas aqui e outras ali, depois diz que os outros não fazem arquitectura!Ora, o que ele faz passeia-se entre a arquitectura e a escultura, dado que utiliza espaços arquitectonicos e os transforma em algo que na maioria das vezes não pode voltar a ser habitado e vivido para o que foi inicialmente pensado.
    Mas até gosto do trabalho do sr., no fundo vai contra muitos pensamentos e regras pré-estabelecidas e isso é de valorizar sempre!

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  2. O Gordon Matta-Clark, pelo contrário auto-intitula o seu trabalho de não-arquitectura, e chama a arquitectura de arquitectura, catalogando-a de prisão e de criar elementos no espaço e não estrutura espacial. É este o objectivo conseguido de Gordon a criação a partir da arquitectura de uma não-arquitectura que gera novas estruturas espaciais, como se ele andasse a trabalhar a própria sintaxe arquitectónica. E para conseguir isto não basta cortar umas coisinhas aqui e outras ali, parecendo uma coisa meio aleatória, é preciso ter um domínio e compreensão da arquitectura para conseguir subverte-la e transforma-la numa nova estrutura espacial. A ambição do seu trabalho não era dar uma funcionalidade habitacional porque isso cabe aos arquitectos, era dar uma nova experiência espacial, e neste intuito trabalhou outros registos como performances.
    No fundo a formação dele de arquitecto foi um ofício para ele depois criar arte, assim como o Alberto Carneiro teve o ofício de santeiro para depois ser escultor.

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