terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dicionário do Doceiro Brasileiro

E para quem não sabe, pois é, eu gosto mesmo de livros mergulhados em antropologia e etnologia, sejam ficcionais, de investigação ou como este, Dicionário do Doceiro Brasileiro, com uma escrita fluída que nos leva para o séc. XIX no Brasil através da comida, que nos fala da revolução à mesa, com a descoberta da especiaria que nos fez reinventar a sobremesa na Europa, o açúcar.
Graças a Raul Lody, carioca antropólogo, chega-nos este livro às mãos que se passeou por volta de 1892 nas livrarias brasileiras com a assinatura do Dr. Antonio José de Souza Rego. Ao longo das suas páginas encontramos 940 receitas que se transformam na história do Brasil, sentimos o cheiro e o sabor trazidos pelos colonizadores portugueses, pelos escravos africanos, e as pitadas da imigração italiana, alemã, japonesa, siria e sem nunca esquecer o cruzamento com a culinária nativa, a dos indios.
Raul Lody brinda-nos com um texto rico "Doce Comida" e levanta o véu de um outro livro que acaba por me seduzir Açúcar de Gilberto Freyre de onde saiem excertos como...

Perícia quase rival das rendeiras. Tais doceiras, como artistas, não consideravam completos seus doces ou seus bolos, sem os enfeites [...] sem assumirem formas graciosas ou simbólicas de flores, bichos, figuras humanas [...] em que as mãos das doceiras se tornassem, muito individualmente, mãos de escultoras [...] quitutes e doces, ingenuamente enfeitados com flores de papel cortado, anunciando uma confeitaria que constituem talvez a única arte que verdadeiramente nos honra.

tapioca molhada, o beiju, o doce de coco verde, o sabongo, a cocada


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