A primeira vez que ouvi e tive consciência de quem era Tomás Maia foi nas conferências durante as convocações I e II de Fernando Calhau, até lá se tinha lido alguma coisa nunca retive o nome, mas nessa tarde dei por mim a saborear a "história" que Tomás Maia contava.
"..partindo sempre do branco até chegar à penúltima mancha negra, todas as noites anos a fio com o mesmo gesto. Debateu-se sempre sobre a pobreza do gesto Hominidio, gesto originário da arte...dia mais noite presos no mesmo espaço, mas eu posso atravessar o espaço.. nós estamos numa cápsula, cápsula permite-nos de dia vivenciar a experiência da noite, o medo, o medo das Florestas...gesto originário da arte, é uma experiência do tempo é uma transposição da noite, gesto que inicia constantemente a sua origem... a arte é resposta do humano a uma convocação especifica... gesto = gerir a morte, gerar vida... reenvio da obra para a sua origem e faz e refaz.. trata-se de inventar um testemunho, para um instante em que já não estaremos presentes..servem para tudo e para nada.. A arte -» originário, gere a vida -» funerário, gere a morte.. estão nos ritos funerários pré-históricos, os primeiros vistigios artísticos.. a obra de arte seria a exteriorização da alma.. separação total de si mesmo sem morrer...o segredo do artista é viver com uma convocação inata.. Nascer perpétuamente. Ser sem fim..."
(apontamentos da conferência no CAM em 2006)
O texto está correctamente escrito e estruturado na publicação que saiu mais tarde "Fernando Calhau Convocação Leituras" da Fundação Gulbenkian, onde se encontra também o lindíssimo texto de Rui Chafes.
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